Primeiro serviço: capas universais, prontas.
O meu primeiro serviço foi uma tentativa e erro. Eu usei uma capa universal, agulha de costura manual e um
pequeno pedaço de linha para cobrir o volante do meu próprio veículo. O acabamento foi grosseiro e a fixação
duvidosa, mas o modelo pronto de revestimento se encaixou como uma luva no volante, mesmo não ficando
100%. Isso me motivou a continuar.
O serviço que salvou meu negócio
Quase um ano depois de muita tentativa e erro, eu estava quase desistindo de meu negócio de capas para
volante. Eu tinha tentado de tudo, mas não conseguia obter bons resultados. Minhas capas eram ruins e eu não
conseguia conseguir muitos serviços.
Uma semana antes de fechar meu negócio, recebi uma indicação para fazer uma capa para o volante de um
cliente. Eu decidi aceitar o serviço, mesmo não estando confiante no resultado.
Para minha surpresa, o resultado foi ótimo! O cliente ficou muito satisfeito com o trabalho e me indicou para
outros clientes. Isso me deu esperança e me motivou a continuar.
O serviço que foi aceito por pena
Na época que comecei a ir para outras cidades em busca de um público maior, eu ainda comprava as capas
prontas, assim ficando refém de um molde universal único. Caso o volante saísse do padrão das medidas, o
serviço ficaria como vocês podem ver ao lado.
Com os valores da ida e volta contados, ainda com um preço baixo, e uma instalação que demorava cerca de 3 a
4 horas, ao finalizar o serviço na residência do cliente e ver a reação dele tentando disfarçar a vontade de rir ou
chorar, eu tive que tomar uma decisão: entregar aquele serviço e melhorar por completo ou parar de estragar o
volante das pessoas.
O começo da mudança
Neste dia foi o começo da mudança. Ao mesmo tempo que melhorei os acabamentos, ao finalizar o volante e dar
início ao pagamento, acabei deixando a maleta de serviço em cima do meu carro, assim perdendo o valor que
tinha investido em novas ferramentas para melhorar meu serviço.
Aqui entendi que não podia cobrar tão barato pelos meus serviços, pois qualquer falha que eu tivesse poderia
por tudo a perder. Mas também não tinha um padrão atrativo para cobrar um valor mais alto.
O golpe de sorte
Eu estava longe do padrão modelado, mas não tão perto do início. Este foi um serviço que gosto de chamar de
golpe de sorte. Vários detalhes ficaram a desejar, mas no geral eu consegui alcançar a mudança que precisava.
Foi um padrão de capa "original", onde o fabricante desenhava o material seguindo as medidas específicas do
volante.
Por ser um trabalho com melhor qualidade visual, aumentei o valor e consequentemente iniciou-se uma
demanda maior pelo meu trabalho.
O começo de algo grande
Eu sempre procurei fazer o melhor com as ferramentas que tinha à disposição. Com a alta demanda de serviços
em outras cidades, tive rapidamente que me adaptar. Mesmo entrando mais, o gasto também aumentava com
combustível e pernoites caso viesse a passar as noites em hotéis.
Eu juntava vários serviços em um final de semana e ia para as cidades vizinhas realizar a instalação das capas.
Mas por não ter uma verba tão grande dos serviços, eu optava por estacionar meu carro em um posto 24h e
dormir ali mesmo.
Para alguns era loucura, mas para mim era o início de algo tão grande que não fazia diferença dormir em um
hotel 5 estrelas ou dentro de um carro com o frio que só quem é da serra gaúcha conhece.
Mas, sendo sincero, para mim até aquele momento era o período de maior liberdade e independência da minha
vida. Meu carro equipado com painel solar, alguns reguladores de tensão, bombonas de água com direito a
bombas de vácuo elétricas e um moderno trocador de calor acoplado ao motor, juntamente a um fogareiro
portátil de camping, satisfaziam todas as necessidades básicas de um jovem de 19 anos com 195 centímetros de
altura. Por mais assustador e primitivo que pareça para alguns, era divertido.
A aberração de serviço
Mesmo com a aquisição das capas originais, várias vinham no tamanho errado. Ou, mesmo quando vinham
certas, o volante por já ter desgastes avançados não permitia bons acabamentos. Além disso, qualquer erro que
acontecesse eu teria que esperar quase uma semana para poder refazer e torcer para que viesse certo.
Foi aí que surgiu esta aberração de serviço que vocês podem ver ao lado. Ao sentir a necessidade de fazer
minhas próprias capas, tive que aprender sozinho a modelar um volante e mandar para alguém costurar, pois
não tinha conhecimento em costurar em máquinas e nem queria ter mais esse problema para resolver. A
imagem ao lado é uma das primeiras capas originais de minha autoria. Posso dizer que o cliente não saiu
nenhum pouco feliz, mas nunca deixei um cliente na mão. Sempre procurei dar o melhor em cada serviço, por
isso acredito que cheguei até onde estou.
O serviço que mais refiz foi este. Próximo das 8 tentativas consegui chegar em um resultado não tão horrível,
mas que mesmo assim não foi do agrado do cliente. É importante ressaltar que cada vez que refazia era uma ida
até o atelier de costura que prestava serviço na época, uma distância considerável de carro. Para chegar nesse
resultado nenhum pouco perto do ideal, paguei somente em combustível o dobro do valor do serviço, além de
uma orelha vermelha de reclamações do cliente. Dadas as circunstâncias, até achei ele muito calmo.
Algumas tentativas de modelagem
O início da logo Modelados
Depois de vários erros e acertos, este foi um dos primeiros serviços a estar em um nível mais longe do início.
Muitos me perguntam o porquê da flor na logo, então vamos lá.
Por mais errado que seja, era uma prática comum na concorrência, usar algumas fotos de serviços de outros
profissionais para divulgar o próprio trabalho. Eu sempre procurei mostrar o real, por mais feio que fosse, para
evitar desapontamentos. Só que com o passar do tempo, a confiança do público para este serviço diminuiu, pois
era prometido algo nas fotos que não era entregue na realidade.
Para evitar um grande problema futuro e ser confundido com quem prometia mais do que poderia entregar,
comecei a usar a tatuagem que tinha na mão como forma de marca d'água. A ideia pegou e logo os clientes
começaram a indicar pelo "guri da flor na mão"
Agradecimento ao atelie
Gostaria de agradecer especialmente ao atelier @soutop_atelie por acolher a mim e a minha ideia, mesmo
quando eu não sabia o que queria direito. Mesmo sem um plano em mente ou sem saber explicar direito como
eles deveriam executar as costuras que eu precisava, ou se as máquinas, mesmo sendo industriais, não eram
preparadas para trabalhar com um material mais grosso. Eles aceitaram o desafio, aturaram minhas diversas
visitas, que não foram poucas, além de algumas de última hora em finais de semana e em horários que qualquer
outro atelier já tinha me recusado.
Sou grato também por terem me ajudado nos primeiros passos na costura em máquinas, e nas conversas
motivacionais. Lembro como se fosse ontem aquele guri com sede de saber e muita disposição, que às vezes
tendia à intromissão, mas que só queria aproveitar ao máximo de quem realmente entendia do assunto.
Obrigado, @soutop_atelie, por tudo!
O primeiro passo para a independência
Depois de muito esforço e aprendizado, finalmente consegui atingir minha independência completa na produção
de capas e revestimentos de volante. Mas como vocês já perceberam, tive que sofrer um pouco antes de
conquistar, e aqui não foi diferente.
Quando comprei minha primeira máquina de costura, pensei em costurar apenas sintéticos, pois é um material
que ela daria conta. Mas mal sabia eu que nem isso conseguiria. Na época estava aprendendo costurar e ainda
não tinha noção de funcionamento de máquina, então comprei as cegas e pretendia me virar com tutoriais no
YouTube. Cheguei até comprar um motor para deixar ela elétrica, mas com algumas costuras percebi que ela
engasgava e embolava linha.
Depois de muita dor de cabeça e pesquisa, levei a máquina a um técnico especialista. Ele disse que uma peça
estava condenada e que era melhor comprar uma nova. Então, com o rabo entre as pernas, voltei para o suporte
da @soutop.
Investimentos
Depois de acertar um modelo de modelagem e um padrão de costura, minha confiança e verba aumentaram.
Comecei a investir em:
- Espaço: meu quarto
- Logo e marca
- Máquina própria para couro
Meu quarto era um espaço pequeno, mas era suficiente para minhas necessidades. Organizei tudo de forma
eficiente e pude trabalhar confortavelmente.
Eu criei uma logo e uma marca que refletiam minha personalidade e meu trabalho. As pessoas gostaram e logo
começaram a me procurar.
Comprei uma máquina própria para couro. Era uma máquina industrial, e era muito mais potente que a
máquina doméstica que eu estava usando. Isso me permitiu produzir capas e revestimentos de volante de maior qualidade.
2022: Zegla
A Modelados teve que lutar pelo seu reconhecimento. Aprimoramos acabamentos nos revestimentos de volante,
além de adicionar outros serviços, como revestimento de manoplas, coifas, trocas de emblemas e pintura de
pequenas partes plásticas. Com o aprimoramento das técnicas, o tempo de execução diminuiu, mas em
contrapartida a demanda de serviço não acompanhou.
Então, tive tempo para conciliar a Modelados aos finais de semana e aproveitar a oportunidade que tive na
empresa Zegla para trabalhar em um setor que introduziria uma área que sempre esteve no meu coração: a
robótica. No entanto, no final de 2022, decidi que, embora essa oportunidade tenha salvado meu 2022 em
termos de objetivos pessoais, profissionais e financeiros, eu precisava voltar com força total ao meu objetivo.
Agradeço verdadeiramente a todos que me deram essa chance e saibam que não saí por não ver um futuro onde
estava, mas sim por ser apaixonado pelo futuro que já era realidade em minha mente.
Uma nova logo para uma nova fase
Para consolidar essa mudança de patamar e também ter uma logomarca que representasse todo o potencial da
Modelados, contratamos um profissional para desenvolver uma imagem moderna, agressiva e mantendo os tons
dourados para simbolizar que estamos nos tornando uma marca que traz qualidade e alto padrão para nossos
clientes. Particularmente, conseguimos chegar no resultado ideal que eu precisava.
O desafio do volante do pai
Depois de mantermos o padrão de qualidade da Modelados para outros diversos clientes, era hora do teste mais
rigoroso, a prova final. O volante do meu pai!
Depois de ter feito a primeira instalação de uma capa reta na caminhonete dele, que por sinal ficou
arrumadinho, eu tirei e deixei sem nenhum tipo de revestimento até esta data. Ele provavelmente deve ter
achado que eu não estava a fim de fazer na dele ou algo do tipo.
Mas na verdade eu nunca me senti bom o suficiente até aquele momento. Eu não queria entregar um serviço
ruim igual da primeira vez, eu realmente queria fazer a diferença e fazer algo bem feito.
E por mais que meu velho não demonstre muito o que sente, a espiadinha rápida sem ninguém ver, seguida de
uma boa expressão fácil o entregou. Acredito que isso seja objetivo concluído.